As afirmações seguintes foram extraídas do livro A Democracia na América de Alexis Tocqueville (1805-1859) -- Lei e Costumes (219-227) e Sentimentos e Opiniões (119-150):
É difícil tirar um homem de si mesmo para interessá-lo pelo destino de todo o Estado porque ele compreende mal a influência que o destino do Estado pode ter sobre sua sorte. O individualismo é um sentimento refletido e tranqüilo, que dispõe cada cidadão a se isolar da massa de seus semelhantes e a se retirar isoladamente com sua família e seus amigos; de tal modo que, depois de ter criado assim uma pequena sociedade para seu uso, abandona de bom grado a grande sociedade a si mesma. Eles concebem uma presunçosa confiança em suas forças e, não imaginando que possam, dali em diante, necessitar de requerer o socorro de seus semelhantes, não opõem dificuldade a mostrar que só pensam em si. A partir do momento em que os negócios comuns são tratados em comum, cada homem percebe que não é tão independente de seus semelhantes quanto imaginada anteriormente e que, para obter apoio deles, muitas vezes é necessário lhes prestar seu concurso. Sob um governo livre [...] os homens que a elevação da alma ou a inquietação dos desejos fazem a vida privada lhes parecer demasiado estreita, sentem cada dia que não podem prescindir da população que os rodeia. A América [Estados Unidos] é o país do mundo em que se tirou maior partido da associação. Os americanos de todas a idades, de todas as condições, de todos os espíritos, se unem sem cessar. As pessoas se associam com a finalidade de falar, mas o pensamento próximo de agir preocupa todos os espíritos. Uma associação é um exército; nela as pessoas falam para se contar e animar, depois marcham contra o inimigo. Na América, os cidadãos que constituem a minoria se associam primeiramente para constatar seu número e debilitar assim o império moral da maioria; o segundo objetivo é reunir e, assim, descobrir os argumentos mais propícios a impressionar a maioria... A primeira idéia que se apresenta ao espírito, tanto de um partido quanto de um homem, quando cobra forças, é a idéia de violência; a idéia de persuasão só chega mais tarde, ela nasce da experiência. Infelizmente, o mesmo estado social que torna as associações tão necessárias aos povos democráticos as torna mais difíceis para eles do que para todos os outros. Os sentimentos e as idéias só se renovam, o coração só aumenta e o espírito humano só se desenvolve mediante a ação recíproca dos homens uns sobre os outros. São as associações que, nos povos democráticos, devem fazer as vezes dos particulares poderosos que a igualdade de condições faz desaparecer. Assim que certo número de habitantes nos Estados Unidos concebem um sentimento ou uma idéia que querem produzir no mundo, eles se procuram e, quanto se encontram, se unem. A meu ver, não há nada que mereça atrair mais nossa atenção do que as associações intelectuais e morais da América. Nos países democráticos, a ciência da associação é a ciência-mãe; o progresso de todas as outras depende do progresso desta. Quando os homens não estão mais ligados entre si de maneira sólida e permanente, não é possível conseguir que um grande número deles aja em comum, a não ser que se persuada cada um daqueles cujo concurso é necessário de que seu interesse particular o obriga a juntar voluntariamente seus esforços aos de todos os outros. Na vida civil, cada homem pode, a rigor, imaginar que é capaz de se bastar. Em política, nunca poderá imaginá-lo. Quanto um povo tem uma vida pública, a idéia de associação e a vontade de se associar se apresentam, pois todos os dias ao espírito de todos os cidadãos. Nelas, [nas associações] aprendem a submeter sua vontade à de todos os outros e a subordinar seus esforços particulares à ação comum... acabam vendo, na associação, o meio universal e, por assim dizer, único, que os homens podem utilizar para atingir os diversos fins que se propõem. Cada nova necessidade desperta imediatamente a idéia de se associar. Como os americanos combatem o individualismo pela doutrina do interesse bem compreendido: [...] Já mostrei [...] como os habitantes dos Estados Unidos sabiam quase sempre combinar seu bem-estar próprio com o de seus concidadãos. Nos Estados Unidos, quase não se diz que a virtude é bela. Sustenta-se que é útil, e prova-se isso todos os dias. Cada americano sabe sacrificar uma parte de seus interesses particulares para salvar o resto. Se os cidadãos, tornando-se iguais, permanecessem ignorantes e grosseiros, é difícil prever até que estúpido excesso seu egoísmo poderá levar e não se poderia dizer de antemão em que vergonhosas misérias eles mesmos mergulhariam, com medo de sacrificar algo de seu bem-estar à prosperidade de seus semelhantes.
É difícil tirar um homem de si mesmo para interessá-lo pelo destino de todo o Estado porque ele compreende mal a influência que o destino do Estado pode ter sobre sua sorte. O individualismo é um sentimento refletido e tranqüilo, que dispõe cada cidadão a se isolar da massa de seus semelhantes e a se retirar isoladamente com sua família e seus amigos; de tal modo que, depois de ter criado assim uma pequena sociedade para seu uso, abandona de bom grado a grande sociedade a si mesma. Eles concebem uma presunçosa confiança em suas forças e, não imaginando que possam, dali em diante, necessitar de requerer o socorro de seus semelhantes, não opõem dificuldade a mostrar que só pensam em si. A partir do momento em que os negócios comuns são tratados em comum, cada homem percebe que não é tão independente de seus semelhantes quanto imaginada anteriormente e que, para obter apoio deles, muitas vezes é necessário lhes prestar seu concurso. Sob um governo livre [...] os homens que a elevação da alma ou a inquietação dos desejos fazem a vida privada lhes parecer demasiado estreita, sentem cada dia que não podem prescindir da população que os rodeia. A América [Estados Unidos] é o país do mundo em que se tirou maior partido da associação. Os americanos de todas a idades, de todas as condições, de todos os espíritos, se unem sem cessar. As pessoas se associam com a finalidade de falar, mas o pensamento próximo de agir preocupa todos os espíritos. Uma associação é um exército; nela as pessoas falam para se contar e animar, depois marcham contra o inimigo. Na América, os cidadãos que constituem a minoria se associam primeiramente para constatar seu número e debilitar assim o império moral da maioria; o segundo objetivo é reunir e, assim, descobrir os argumentos mais propícios a impressionar a maioria... A primeira idéia que se apresenta ao espírito, tanto de um partido quanto de um homem, quando cobra forças, é a idéia de violência; a idéia de persuasão só chega mais tarde, ela nasce da experiência. Infelizmente, o mesmo estado social que torna as associações tão necessárias aos povos democráticos as torna mais difíceis para eles do que para todos os outros. Os sentimentos e as idéias só se renovam, o coração só aumenta e o espírito humano só se desenvolve mediante a ação recíproca dos homens uns sobre os outros. São as associações que, nos povos democráticos, devem fazer as vezes dos particulares poderosos que a igualdade de condições faz desaparecer. Assim que certo número de habitantes nos Estados Unidos concebem um sentimento ou uma idéia que querem produzir no mundo, eles se procuram e, quanto se encontram, se unem. A meu ver, não há nada que mereça atrair mais nossa atenção do que as associações intelectuais e morais da América. Nos países democráticos, a ciência da associação é a ciência-mãe; o progresso de todas as outras depende do progresso desta. Quando os homens não estão mais ligados entre si de maneira sólida e permanente, não é possível conseguir que um grande número deles aja em comum, a não ser que se persuada cada um daqueles cujo concurso é necessário de que seu interesse particular o obriga a juntar voluntariamente seus esforços aos de todos os outros. Na vida civil, cada homem pode, a rigor, imaginar que é capaz de se bastar. Em política, nunca poderá imaginá-lo. Quanto um povo tem uma vida pública, a idéia de associação e a vontade de se associar se apresentam, pois todos os dias ao espírito de todos os cidadãos. Nelas, [nas associações] aprendem a submeter sua vontade à de todos os outros e a subordinar seus esforços particulares à ação comum... acabam vendo, na associação, o meio universal e, por assim dizer, único, que os homens podem utilizar para atingir os diversos fins que se propõem. Cada nova necessidade desperta imediatamente a idéia de se associar. Como os americanos combatem o individualismo pela doutrina do interesse bem compreendido: [...] Já mostrei [...] como os habitantes dos Estados Unidos sabiam quase sempre combinar seu bem-estar próprio com o de seus concidadãos. Nos Estados Unidos, quase não se diz que a virtude é bela. Sustenta-se que é útil, e prova-se isso todos os dias. Cada americano sabe sacrificar uma parte de seus interesses particulares para salvar o resto. Se os cidadãos, tornando-se iguais, permanecessem ignorantes e grosseiros, é difícil prever até que estúpido excesso seu egoísmo poderá levar e não se poderia dizer de antemão em que vergonhosas misérias eles mesmos mergulhariam, com medo de sacrificar algo de seu bem-estar à prosperidade de seus semelhantes.
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